sexta-feira, 28 de maio de 2010

O Feminino Selvagem

O Feminino Selvagem

A fauna silvestre e a Mulher Selvagem são espécies em risco de extinção.
Observamos, ao longo dos séculos, a pilhagem, a redução do espaço e o esmagamento da natureza instintiva feminina. Durante longos períodos, ela foi mal gerida, à semelhança da fauna silvestre e das florestas virgens. As terras espirituais da Mulher Selvagem, durante o curso da história, foram saqueadas ou queimadas, com seus refúgios destruídos e seus ciclos naturais transformados à força em ritmos artificiais para agradar os outros.

A vitalidade esvaída das mulheres pode ser restaurada por meio de extensas escavações psíquico-arqueológicas" nas ruínas do mundo subterrâneo feminino. Com esses métodos podemos recuperar os processos da psique instintiva natural, e, através de sua incorporação dao arquétipo da Mulher Selvagem, conseguimos discernir os recursos da natureza mais profunda da mulher. A mulher moderna é um borrão de atividade. Ela sofre pressões no sentido de ser tudo para todos. A velha sabedoria há muito não se manifesta.

Os lobos saudáveis e as mulheres tem certas características psíquicas em comum: percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para a devoção. os lobos e as mulheres são gregários por natureza, curiosos, dotados de grande resistência e força. Sao profundamente intuitivos e tem muita preocupação para com o seus filhotes, seus parceiros e sua matilha. Tem experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação. Tem uma determinação feroz e extrema coragem.
No entanto, as duas espécies foram perseguidas e acossadas, sendo-lhes falsamente atribuído o fato de serem trapaceiros e vorazes, excessivamente agressivos e de terem menor valor do que seus detratores.

Num passado não muito distante, as mulheres continuavam crescendo de maneira infantilizada e sendo tratadas como propriedades. Elas eram mantidas como jardins sem cultivo...mas felizmente sempre chegava uma semente sendo trazida pelo vento. Embora o que escrevessem fosse desautorizado, elas insistiam assim mesmo. Embora o que pintassem não recebesse reconhecimento, nutria a alma do mesmo jeito. As mulheres tinham de implorar pelos instrumentos e pelo espaço necessário às suas artes, e , se nenhum se apresentasse elas abrim espaço em árvores, cavernas, bosques, armários.
A dança mal conseguia ser tolerada, se é que o era, e por isso elas dançavam na floresta, onde ninguém podia vê-las, no porão, ou no caminho para esvaziar a lata de lixo. A mulher que se enfeitava demais despertava suspeitas. Um traje ou o próprio corpo alegre aumentava o risco dela ser agredida ou sofrer abuso sexual. Não se podia dizer que lhe pertenciam as roupas que cobriam os seus próprios ombros.
Era uma época em que os pais que maltratavam seus filhos eram simplesmente chamados de " severos", em que as lacerações espirituais das mulheres profundamente exploradas eram denominados " colapsos nervosos", em que as meninas e mulheres que vivessem apertadas em cintas, amordaçadas e contidas eram consideradas " certas", enquanto que aquelas que conseguiam fugir da coleira uma ou duas vezes na vida eram classificadas " erradas".

As questões da alma feminina não podem ser tratadas tentando-se esculpi-la de uma forma mais adequada a uma cultura inconsciente, nem é possível dobrá-las até que tenham um formato intelectual mais aceitável para aqueles que alegam ser os únicos detentores do consciente. Na verdade a meta deve ser a recuperação e o resgate da bela forma psíquica natural da mulher.

Chamo essa natureza selvagem de "A Mulher Selvagem", porque com essas exatas palavras uma lembrança antiga é acionada, voltando a ter vida. Trata-se da lembrança do nosso parentesco absoluto, inegável e irrevogável com o feminino selvagem, um relacionamento que pode ter se tornado espectral pela negligência, que pode ter sido soterrado pelo excesso de domesticação. Podemos ter-nos esquecido do seu nome, podemos não mais atender quando ela chama o nosso, mas, na nossa medula nós a conhecemos e sentimos a sua falta. Sabemos que ela nos pertence, assim como nós a ela.

A Mulher Selvagem vem agindo como sombra com as mulheres há anos. Ora temos um vislumbre dela, ora ela volta a ficar invisível, assim como os lobos conseguem deslocar-se com a maior delicadeza sem fazer barulho. No entanto, ela aparece tantas vezes em nossas vidas e sob formas tão diferentes que nos sentimos cercadas por suas imagens e seus impulsos. Ela nos chega em sonhos ou em histórias, pois quer ver quem somos e se já estamos prontas para nos reunirmos a ela. Se ao menos olharmos para as sombras que lançamos, veremos que elas não são formas humanas, bípedes, mas que tem um lindo formato de algo livre e selvagem.
Estamos destinadas a ser residentes permanentes no seu território, não apenas turistas, pois provimos dessa terra. Ela é ao mesmo tempo nossa terra natal e nossa herança. A força selvagem da psique está nos seguindo como sombra por algum motivo.
Tudo o que as mulheres foram perdendo pelos séculos afora pode ser encontrado de novo se seguirmos suas pistas. Esses tesouros perdidos e roubados ainda lançam sombras sobre os nosso sonhos noturnos, nos sonhos diurnos da nossa imaginação, na poesia e em qualquer momento de inspiração. As mulheres por todo o mundo- a sua mãe, a minha, as nossas filhas, irmãs, a sua amiga, todas as tribos de mulheres ainda desconhecidas- todas nós sonhamos com o que está perdido, com o que em seguida irá emergir do inconsciente. Todas sonhamos os mesmos sonhos no mundo interio. Nunca ficamos sem o mapa. Nunca ficamos sem poder contar com a outra. Nós nos unimos através dos sonhos.
Sonhamos constantemente com o arquétipo da Mulher Selvagem. Nascemos e renascemos todos os dias e criamos a partir dessa energia o dia inteiro. É vindo dessa terra que voltamos para o nosso dia-a-dia. Voltamos daquele lugar selvático para nos apresentarmos diante do computador, da panela, do professor, do livro, do freguês. Instilamos o mundo selvagem no nosso trabalho, na criatividade do mundo dos negócios, nas nossas decisões, na nossa arte, nos planos, na vida familiar, na educação, nas liberdades, direitos e deveres. O feminino selvagem não é apenas sustentável em todos os mundos, é ele quem sustenta todos os mundos.
Estamos usando as vozes da nossa mente, da nossa vida e da nossa alma para chamar de volta a intuição, a imaginação, para invocar a Mulher Selvagem. E certamente ela aparece.
As mulheres não podem fugir disso. Foi dentro desse relacionamento essencial, fundamental e básico que nascemos e na nossa essência é dela que derivamos.
Há ocasiões em que vivenciamos a sua presença, mesmo que transitoriamente, e ficamos loucas de vontade de continuar. Para algumas mulheres essa revitalizante " prova da natureza" acontece durante a gestação, amamentação, durante as mudanças que se surgem quando se educa um filho, durante os cuidados que dispensamos a um relacionamento amoroso ou a um jardim muito querido.
Por meio da visão também temos uma percepção dela; através das cenas de rara beleza. Ela nos chega por meio do pôr-do-sol, da lua cheia e do mar ou ainda pela beleza de um filho recém- nascido.
Ela nos chega também através dos sons, do sussuro, da música, da palavras, da poesia. Daqueles estímulos que fazem nosso coração vibrar e nos trazem a lembrança, pelo menos por um instante, da substância da qual somos feitas e do lugar que é o nosso verdadeiro lar.
Quando as mulheres reafirmam seu relacionamento com a natureza selvagem, elas recebem o dom de dispor de uma observadora interna permanente, uma sábia, uma visionária, um oráculo, uma intuitiva, uma inspiradora, uma criadora e uma ouvinte que guia, sugere e estimula uma vida vibrante nos mundo interior e exterior.
Tendo a Mulher Selvagem como aliada, passamos a ver, não com dois olhos, mas com a intuição que dispõe de muitos olhos como uma noite estrelada. Ela carrega consigo os elementos para a cura da mulher, traz tudo o que a mulher precisa ter e saber. Ela é tanto o veículo como o destino.
Aproximar-se da natureza institiva não significa desestruturar-se, mudar tudo da direita para a esquerda, do preto para o branco, agir como louca ou descontrolada. Não significa tornar-se menos humana.
Ela implica em delimitar territórios, encontrar a nossa matilha, ocupar nosso corpo com segurança e amor independente dos dons e das limitações desse corpo, falar e agir em defesa própria, estar consciente, agir e escolher de maneira consciente, estar alerta, enfrentar e vencer seus próprios medos e ilusórios limites, tentar uma vez mais, recorrer a intuição e ao pressentimento inatos, adequar-se aos próprios ciclos, descobrir aquilo a que pertencemos, dizer não sem culpa e sem medo e reivindicar todos aqueles aspectos das realizações que são nossas por direito natural.

* Texto adaptado do livro: "Mulheres que correm com os lobos"- ( Clarice E. Pinkola)

domingo, 20 de dezembro de 2009

2010!?

Sei que você deve estar com a vida cheia, envolvido(a) com os últimos preparativos para as festas, por isso, minha última mensagem do ano será breve.

Esse foi para mim um ano de muito trabalho. Pouco consegui escrever ou trabalhar em grupo. Conheci muitas pessoas, reencontrei outras tantas, me despedi de algumas que já tinham ganhando asas e precisavam voar sozinhas suas próprias escolhas. Tantos nomes, tantos rostos, tantos espelhos me mostrando aspectos do meu próprio eu e da minha história. Me sinto profundamente feliz e preenchida por tudo isso.

Para você que esteve ou simplesmente cruzou o meu caminho nesse ano, quero dizer que me senti muito feliz e honrada por ter compartilhado dos momentos transformadores e especiais da sua vida.

Foi maravilhoso vê-lo(a) desvendando as minúsculas e delicadas particularidades do seu ser que é único e refazendo escolhas através dessa nova perspectiva de si mesmo (a).

Você que esteve mais presente em meu caminho durante esse ano, quero que saiba que me sinto feliz e grata à Grande Mãe pela oportunidade de presenciar a pureza do brilho em seus olhos quando euforicamente me contou suas conquistas ou vitórias. Sei o quanto trabalhou vencendo seus condicionamentos para alcançar esses momentos!
Sua luz também se fez visível, nos momentos em que o (a) vi pensando em desistir de tudo . Porém, depois da explosão da dor e do desabafo, você, de maneira singela e corajosa recuperava o fôlego e dizia: - “ Lá vou eu tentar mais uma vez.”. Assim, fui também testemunha da sua coragem e persistência e isso teve um imenso significado para mim.

Quanto a você, que apenas cruzou meu caminho uma ou duas vezes durante esse ano, minha gratidão é a mesma. Acolhi seu coração como um solo fértil, onde espero ter plantado boas sementes.

Termino o ano com o coração preenchido pelo doce sabor das pequenas e grandes vitórias, assim como com o eterno anseio por crescimento e renovação. Acredito que o mesmo esteja acontecendo com você.

Nesse ano astrológico ( que se encerra em março) fomos estimulados ao desenvolvimento da nossa individualidade e ao acolhimento da nossa verdade interior.

O próximo ano terá a regência de Vênus ( Afrodite) e seremos estimulados ao amadurecimento da individualidade no contato com o “outro” e ao desenvolvimento do prazer ( amor, alegria, êxtase,dinheiro, romance,arte,sensualidade, belo).
As relações passarão por grandes transformações e todos nós buscaremos o “sentido” e a afetividade em nossas vidas.

Como vê, teremos muito a aprender no próximo ano sobre nós mesmos, para que possamos desfrutar das bênçãos dessa energia feminina e abundante.
Tenho certeza de que no final do ano que vem minha mensagem será sobre o quanto aprendemos a ser mais leves, mais alegres, mais intensos, afetivos e generosos.

Quanto ao Natal que seja uma noite de amor e ternura em que você possa estar consigo, para que assim esteja verdadeiramente com as outras pessoas. Que o “espírito do amor” transborde em seu ser e permeie sua vida, porque ele é a sua real identidade.

O que desejo em 2010 para você além de tudo aquilo de melhor que nem preciso dizer?

Deixo que meu poeta preferido fale por mim:

“Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!” (Fernando Pessoa)

Eu prefiro um outro final:
“ Se o achar, viva intensamente!”

Se você for capaz de fazer seu coração transbordar de tanto amor por si mesmo e pelos pequenos milagres que permeiam o dia-a-dia, tudo naturalmente se fará harmonia e êxtase.

Bons ventos e um forte abraço!!!
Adely Branco

O mito de Eros e Psique







Reflexões para que 2010 seja um ano maravilhoso, como promete ser!

Alimento para a alma...poema do menino Jesus



(Fernando Pessoa e Maria Bethânia)

TENHAM UM NATAL TRANSBORDANTE DE AMOR!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sentindo falta do que???



“ Nesses tempos em que tudo é facilidade”- como dizem as anciãs- em que não precisamos mais criar os animais em nossos quintais para levar carne, leite ou ovos à nossa mesa, nem seguir até o riacho para lavar as nossas roupas, nem cortar a lenha para preparar nossos alimentos e aquecer os nossos corpos, surge não raras vezes, um estranho sentimento de “ falta de não sei o que”.
Parece que fomos contaminados pelo “ vírus” do “ sentir coisa nenhuma” .
Basta que estejamos “seguros” e rotineiros demais para que os primeiros sintomas apareçam: um vazio que começa modesto e vai se agravando até transformar quase todo o nosso interior em “ coisa nenhuma”.
O tal sintoma “ coisa nenhuma” em último grau é conhecido como “ depressão”.
Eu ainda não conheci nenhuma pessoa que não tivesse experimentado esse sintoma, e você?
As pessoas disfarçam bem, fingem serenidade, dizem que são assim mesmo, mas se você ousar fazer-lhes a seguinte pergunta mágica : -“ Você sente falta do quê???” , depois do espanto inicial- afinal pessoas “ normais” não fazem essas perguntas- poderá constatar o sintoma descrito através de um bom e sonoro: -“ NÂO SINTO FALTA DE NADA!”
Não que o natural seja que estejamos sempre “ na falta”. Mas, o natural é que estejamos sempre envolvidos com alguma vontade, com uma idéia, com um anseio por experimentar ou viver algo.
Se os sintomas não forem tão graves, você poderá ouvir: - “ Sinto falta daquele tempo, daquela pessoa, daquele fato...”.
Sabe-se que o tal “vírus” ocasiona em seus portadores uma total desesperança e uma completa falta de sonhos.
Quando Shakespeare disse que somos feitos da mesma matéria dos nossos sonhos, imagino que ele também queria nos lembrar do caos provocado pela falta deles.
Sendo feitos da matéria dos nossos sonhos, sem eles não ficamos no vazio?
O vazio não é de todo ruim, porque nada está absolutamente vazio, mas preenchido de potencialidades. Porém, o corpo, templo da vida, veículo da alma, que está conectado com o aqui/agora se ressente do vazio, porque esse lhe parece com a morte.
Em sua busca desesperada por prazer, o corpo começa então a atrair a atenção do portador do vazio para a realidade.
Através dos principais sintomas que retratam a falta de sonhos, alegria e interesse no presente:
• Apatia, desânimo
• Sensação de vazio ou angústia
• Falta de motivação
• Sensação de que nada poderá ser como antes
• Tédio
• Conflitos aparentemente insolúveis
• Restrições,
• Etc..

É fantástico estar satisfeito com o que se tem e com o que se vive. Melhor ainda viver grato por tudo isso. O fato de estar satisfeito com algo não o impede de sonhar e desejar experiências ainda melhores.
A Fonte Criadora deseja preencher a nossa existência com experiências tão maravilhosas que ainda não somos nem capazes de imaginá-las.
Quando estamos na alma, com a alma e através dela, quando estamos conscientes de que a mente é apenas um aparelho a serviço da alma, entramos num estado dinâmico e fluídico de viver.
Surge uma espécie de “ inquietação curiosa”, uma vontade de aprender, de fazer, de experimentar, de crescer e o corpo responde de maneira prazerosa e terna.
Quando isso acontece você percebe que algo no seu interior adquire uma espécie de inocência ( que muitos olhos ainda não perderam!) e que algo rejuvenesce, se torna mais vivo, mais quente, mais flexível, mais afetivo. Não preciso nem dizer que se torna possível vislumbrar no espelho os olhinhos curiosos da criança por detrás dos seus próprios olhos.

Tudo começa e acaba no mesmo ponto: “a criança”.
Você não foi criança. Eles ainda estão aí, ela e o adorável bebê que você foi. Ao afastar-se deles você se priva principalmente da afetividade e da capacidade de sonhar. E sem isso sua vida fica vazia e sem sentido.
A afetividade é uma maneira prazerosa de se relacionar com a vida. Os sonhos são as sementes do amanhã.
Já que as crianças adoram ser ouvidas e os bebês necessitam de cuidado e atenção, experimente aproximar-se deles, fazendo-se no espelho a seguinte pergunta: “ – Do que estou sentindo falta?”
Tenha paciência consigo e mantenha seus sentidos em estado de alerta. Com o tempo algum insight ou impulso surgirá. Lembre-se de que a criança e o bebê identificam-se com o corpo e não com a mente. Assim, não se espante se surgirem impulsos pouco elaborados ( qualidade da mente!) tais como: - “ Preciso caminhar descalço à beira-mar!”, ou ainda: -“ Quero dançar, brincar, me movimentar!”
O prazer está nas coisas que adorávamos quando crianças: aconchego, ternura, alegria, descoberta, exploração, imaginação, cores, sabores, sons, texturas, cheiros e sensações.

Se você se permitir olhar a vida através dos olhos da sua criança, sei que nos encontraremos em algum momento, num campo florido para colhermos flores amarelas, ou aquelas que você preferir, ou quem sabe apenas nos deitaremos na grama macia para descobrirmos os animais que se escondem no formato das nuvens. E nos sentiremos plenos e felizes por isso.
Como não teremos mais medo uns dos outros nunca mais nos sentiremos “ ressecados” por falta de afeto e abraços.
Os abraços nos lembram de quem somos, abuse do afeto em seu caminho até lá. Se não puder abraçar sorria, se não puder sorrir ao menos não julgue com o olhar. Você se sentirá muito melhor com isso!
Dê-se tempo para ouvir os anseios do seu coração, por mais tolos que eles pareçam (mente). Experimente atendê-los ( coração). Nada é insignificante quando repleto de sentido interior. E o sentido não pode ser comum, cada um tem o seu, porque cada um é um universo.
Quanto ao que os “ outros” pensarão ou como reagirão, pouco importa! Você não depende de nada além de si mesmo para se sentir bem. Tudo é uma escolha. Além disso, eles também são apenas crianças, todos somos apenas crianças! Nossos anseios mais profundos não mudaram muito com o passar do tempo...continuamos em busca de amor, como no primeiro dia em que chegamos nus nesse planeta e soltamos o nosso primeiro grito.
Ame-se muito e para sempre!!!

Encontro você lá no final do arco-íris!

Um abraço apertado,

Adely Branco



* Escrevi esse texto inspirada no poema que compartilho com vocês, escrito em uma antiga noite enluarada.

POESIA – Adely Branco

“ Entre o ideal e o real, escolho o real,
Sem isso nós jamais alcançaremos o ideal.
Enxergo nas delicadas entranhas do agora,
A poesia que se aninha oculta em cada amanhecer.

Há tanta poesia nos dedos e braços,
Nos passos ritmados, na dança colada,
Nos giros incessantes dos corpos que sorrindo bailam.

Há tanta poesia no ronronar dos nossos gatos,
No miar dos nossos passos,
No descanso dos nossos laços.

Há tanta rima sob os nossos sapatos,
Tantos espelhos entre os nossos gestos,
Tantos sorrisos entre os nossos compassos,

Que a poesia acontece como algo natural,
Como tudo o que sonho e sinto
Como tudo o que vivo e sou.. .”

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Quando nada mais restar...


...ainda resta você!

Sou uma daquelas almas que ao traçar seu plano de viagem para esse planeta de dualidades e aprendizado, optou por cumprir um “ caminho de borboleta”: “nascer” ovo, virar uma rastejante lagarta, endurecer até fazer um casulo e assim ganhar asas. Olha só quantos processos de morte e renascimento há nesse caminho. É tão interessante também quantas pessoas – borboletas há ao meu redor! “Semelhante atraindo semelhante” é uma lei universal bastante poderosa.

Nesse vai-e-vem de mortes e renascimentos a vida acaba nos ensinando:

*que tudo é transitório, que nada nem ninguém é absolutamente “meu”,
*que nenhuma “verdade” é absolutamente verdade até que surja uma próxima “verdade”,
*que temos sempre muito que aprender sobre amor e generosidade e que pouco sabemos sobre o real significado dessas palavras.
* que a próxima etapa e o próximo passo estão sempre prontos à nossa espera por mais assustador que o novo pareça.
* que quando nada mais restar ainda resta você mesmo.

Todas as pessoas, borboletas ou não, de vez em quando “trocam de pele”, são impulsionados pela vida a sair da zona de conforto e alcançar territórios desconhecidos. Temos tanto medo do novo e do desconhecido porque confiamos muito pouco em nós mesmos, ou seja, na Força que nos mantêm vivos, seguros e em equilíbrio. A cada dia somos sobreviventes de todas as probabilidades de ameaças que poderiam nos tirar de cena numa fração de segundos. Todos sabemos quão tênue é o limiar entre a vida e a morte. Todos sabemos que não temos nenhum controle sobre isso. E ainda assim temos estado seguros e amparados por essa Força que nos deseja aqui. Pertencemos ( ego) à essa Força e mais cedo ou mais tarde aprendemos que precisamos fluir com Ela e através dela.

Seja lá qual for a dificuldade ou o desconforto que esteja enfrentando nesse momento, confie que essa Força em você que mantêm seu corpo em perfeito funcionamento tem condições de solucionar até mesmo aquilo que parece insolúvel. É preciso deixá-La atuar e para isso é preciso confiar, pedir e aguardar num estado de prontidão.
Quando falo em confiar não significa apenas ter fé, aquela fé mental, aquele discurso que a gente repete para si mesmo. É preciso desenvolver, praticar e invocar aquela Fé que vem do coração, que é silenciosa e que por isso afasta as ilusões que geram a dúvida, a incerteza, o medo, a angústia, o desânimo e a aflição. Esses sentimentos são sinais de que a Fé não chegou ao coração.
Não estou dizendo que é fácil acessar esse tipo de sensação chamada fé que é um misto de amor, plenitude, confiança e segurança. É preciso treiná-la, praticá-la, pedir ao Eu Superior em meditação que a traga e acalmar a criança interior com muito amor e auto-aceitação para que o medo desapareça. A Fé só é possível quando aceitamos o que é, quando cremos verdadeiramente na possibilidade de uma solução e quando o medo desaparece. Porque o medo nos mostra a ausência do amor. E o amor começa em si mesmo, não depende de algo ou de alguém para existir. O amor inicia-se na auto-aceitação e termina no julgamento ou na neurótica perfeição idealizada.
Se você puder amar e aceitar tudo o que é, você poderá mudar qualquer coisa e nada lhe parecerá assustador como antes, simplesmente porque será capaz de crer que aconteça o que acontecer: QUANDO NADA MAIS RESTAR AINDA RESTARÁ VOCÊ MESMO.

Além da fé é preciso saber pedir. Repetimos incansavelmente o que não queremos, porém, a mudança ocorre com o foco da atenção naquilo que se deseja atrair e no alinhamento dos pensamentos e sentimentos com as vibrações correspondentes ao que desejamos experimentar.
Aguardar em estado de prontidão significa permanecer na confiança e agir sempre que surgir um forte impulso positivo.

E enquanto treina tudo isso, seja maravilhoso para si mesmo, não se deixe assustar por qualquer ventania ( elas passam e fazem parte dos ciclos da natureza), trate com respeito seus sentimentos, dê a si mesmo aquilo que espera dos outros, enxergue em si mesmo aquilo que detesta no outro e trabalhe para superar, ninguém faz mal a si mesmo sem machucar também os outros. Tenho certeza de que estamos aqui para experimentar a PLENITUDE.

Bons ventos!!!

Um abraço apertado em minhas queridas borboletas,

Adely Branco

Novo Curso Espelho

Adely Branco convida para o novo curso:

“Espelho”

(Metafísica e Autoconhecimento)


“Os problemas significativos que enfrentamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criamos.” (Albert Einstein )

“Aquilo que chamamos de realidade é o resultado das manifestações criadas e atraídas pelos pensamentos e sentimentos do passado”. (Adely Branco)

A maneira como interpretamos e percebemos essa realidade está profundamente relacionada com os nossos padrões destrutivos de condicionamentos e reações emocionais.
A Consciência ou Alma está constantemente sinalizando a existência desses padrões internos através das situações cotidianas para que cada indivíduo possa libertar-se e manifestar as infinitas e maravilhosas potencialidades do criador que naturalmente é “.

O objetivo desse trabalho é facilitar:

* A compreensão dos padrões e pensamentos destrutivos e das ferramentas para a libertação.
* A interpretação dos Sinais da Alma ( conflitos, doenças, desafios)
* O retorno ao Lar e o encontro com o Eu Real
* Ho’oponopono: uma técnica de libertação
* A melhoria da auto-imagem e da auto-estima
* A prática da Lei da Atração e a Escala dos Padrões Vibracionais/Emocionais
* Meditação de iniciação aos Oito Poderes da Alma

Duração: 8 encontros de 2 h

Início: 29/10- 17/12 das 20 às 22 h ( mediante formação de turma!)

Investimento: 180,00 (na inscrição) ou 2 x de 100,00 ( 0 e 30 dias)

Informações: 11-2157-2361 ou encantosdalua@hotmail.com

Local: Aclimação ou V Mariana ( à definir!)

Faça a sua inscrição com antecedência- até 22/10!
Você pode participar do curso à distância, via Skype. Informe-se!

* Esse é o novo curso Espelho. O conteúdo foi modificado e atualizado.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Retire o peso dos ombros e entregue-se ao Universo


“ Sua sensação de isolamento , solidão e separação do TODO é produzida pelo véu da ilusão que o seu ego teceu.
Viver é despertar-se pouco a pouco; emergir das profundezas do sono da inconsciência.
Você não é aquilo que vê, é Aquele que Vê.
Não é aquilo que pensa.
Isso é apenas o que programaram em sua mente,
E dessa programação resultaram as suas reações e condicionamentos.
Mas, isso não é quem você é de verdade, Você é um Ser Infinito.
Você é Aquele que escolhe com consciência e sabedoria.
Você não é aquele que se preocupa e que se sente culpado,
É Aquele que conhece a sua própria responsabilidade na criação e atração de tudo o que experimenta como realidade.
Você não é aquele que tenta controlar a tudo e a todos para satisfazer os delírios do ego,
É Aquele que flui com a Vida, com as pessoas e com tudo o que há, simplesmente por saber que essa é a única maneira das coisas darem certo.
Você não é um ser pequeno, limitado, frágil e cheio de problemas para resolver,
É parte e expressão do Ser mais Poderoso e Ilimitado do Universo,
È parte do Universo; e as mesmas Leis que rege o TODO se aplicam também as vidas de todos os seres.

Portanto, sua vida não lhe pertence; você pertence à sua Vida.

Por pertencer à Vida, você não pode torná-la segura ou tentar controlá-la com suas idealizações, conceitos ou padrões. (mente).
Se você estiver sofrendo, isso é um sinal do seu espírito de que você ( mente) está tentando controlar a vida em algum nível ( tentando controlar as pessoas ou resistindo às mudanças)
Você nasceu para fluir com a vida que repousa naquilo que faz sentido para você, naquilo que o faz feliz.

Na mente você é um homem sozinho; no espírito você é parte íntima do TODO.

A mente é filha da sociedade, é solitária, limitada, presa ao passado, frágil e vulnerável.
Na mente existe o medo, a insegurança, a dúvida, a desconfiança, a raiva e o bloqueio.
No encontro com seu espírito você é um homem guiado pela mesma Força que equilibra o movimento de toda a natureza.
Sua mente não tem nenhum controle sobre a vida do seu corpo, tem apenas influência. Ela molda o corpo, mas não é ao comando dela que seu coração bate. O seu inconsciente é o grande maestro da vida do seu corpo.
Sua mente não poderá impedir que seu coração pare no dia em que sua viagem tiver chegado ao fim, portanto, sua vida não lhe pertence. Você pertence à Força que comanda a vida no seu corpo. E essa mesma Força comanda a vida do universo.





Lembre-se de que a “crise” é um convite à reorganização, ao novo, ao abandono do passado ( memórias, padrões e comportamentos)

Não existe um único “ problema” que possa ser resolvido sem que haja um “ alinhamento” ( pensamentos, ações, emoções) do Ser com a sua Fonte Criadora.

Você não é aquele que crê em azar, castigo ou punição;
É Aquele que sabe que está em sua mente as causas de tudo o que experimenta
Assim, é Aquele também que se empenha em substituir os pensamentos carregados de medo, dúvida e raiva; por pensamentos positivos.

Você já sabe que nada muda, se você não mudar primeiro!

Seus conflitos externos refletem os seus conflitos internos.
Pare de lutar e perceba que tudo o que o incomoda, por mais estranho que pareça reflete um dos seus condicionamentos.
Os desafios são acenos do seu espírito lhe pedindo para substituir o medo pelo amor em alguma zona do seu Eu.
Ao primeiro sinal de conflito ou desafio, experimente dar um passo para trás, não reaja imediatamente como de costume ( com raiva, vitimismo, preocupação, medo, etc), amplie sua visão e não entre no problema. Na maior parte das vezes, as pessoas aumentam seus problemas com os padrões vibratórios negativos que colocam neles ( pensando de maneira pessimista e negativa com freqüência, falando constantemente sobre a situação de maneira negativa, pensando no problema com dor antes de dormir, etc).

Comece a “ dissolver” o problema primeiro em sua mente.

Visualize-se protegido pelo Universo. Livre-se de toda a crença na punição ou no castigo: - “ O que eu fiz de errado pra ser castigado por Deus?”. Substitua por crenças mais positivas como: “ O que posso aprender com isso? O que meu espírito quer que eu veja em mim mesmo para transformar?”
Quanto mais estiver alinhado com a Fonte mais rápido tudo se dissolverá a sua frente e você perceberá o poder que há em seu interior.
Não existe acaso e você nasceu para experimentar tudo o que se traduzir em prazer e felicidade para você, já que tudo depende do ponto de vista de cada um.

Imagine que dentro de você existe um “ Observador Invisível” que controla todas as funções vitais do seu corpo e o protege de uma série de riscos através do seu poderoso sistema imunológico, sem que você ao menos veja ou perceba isso.
Esse “Observador” comunica-se com você através de sensações que se divide em duas categorias: prazer e dor.
Quando você pensa ou escolhe algo que é bom para todo o seu Ser, surge no corpo uma sensação de prazer, alegria, mesmo que a mente encontre uma série de desculpas para negar ou fugir.
Do contrário, quando escolhe ou pensa algo que não é bom, surge a angústia, o desconforto, o aperto no peito, mesmo quando a mente encontra desculpas para tentar se convencer do contrário ( “ Não é tão ruim assim!”)
O “ Observador” reproduz mais daquilo que você ( mente) insistiu em prestar atenção. Portanto, se você pensar muito em problemas atrairá ainda mais problemas.
Perceba que enquanto um “ observador”, ele não escolhe e não altera nenhum fato, ele apenas “ observa” ( sinaliza, protege) e reproduz para observar mais.

Sua mente é o capitão do seu navio, mas não é o navio e não é o mar.

O navio é Aquele que Observa e o mar é a própria Vida em seus ciclos e fluxos.
O bom capitão flui com o mar e não contra ele e sente-se totalmente responsável pelo navio, cuidando para que tudo corra da melhor maneira.
Desperte para o fato de ser o capitão e comece a tomar as providências para corrigir a rota do seu navio, se preciso for.
Se estiver navegando contra a correnteza, e isso se fará visível pelo seu nível de desânimo e cansaço geral, se entregue ao Fluxo da Vida, solte as amarras das resistências, mantenha o foco no que você quer, faça coisas que o deixem feliz, confie em si mesmo e na Força que sempre esteve ai, disponível para mantê-lo em abundância e segurança sempre!"

Um abraço,

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Outros ensinamentos de Merlim...


Trecho do livro “ O Caminho do Mago”- Deepak Chopra


“Os buscadores nunca se perdem, porque o espírito está sempre acenando para eles.
Os buscadores recebem continuamente pistas do mundo do espírito. As pessoas comuns chamam essas pistas de coincidências.
Não existem coincidências para o mago*. Cada evento existe para expor outra camada da alma.
O espírito deseja conhecê-lo. Para aceitar esse convite você precisa deixar cair suas defesas.
Comece a procurar em seu coração. A gruta do coração é o lar da verdade.”

(*) Existe em cada um de nós um “mago” interior. Também chamado de Self. Eu Interior, Eu Superior, etc.


Merlim tinha o estranho hábito de parecer apreciar os pequenos infortúnios de que era vítima o menino Artur. Se Artur chegava na gruta todo machucado por ter caído de uma árvore, o mago murmurava “ Ótimo” quase inaudivelmente. Certa vez, durante uma tempestade de relâmpagos, um sicômoro velho e podre foi atingido por um raio e quase caiu em cima de Artur.

- Excelente! -resmungou Merlim.

Apesar de suavemente proferidos, esses comentários faziam com que o menino se sentisse fortemente magoado. Ele prometeu a si mesmo que iria ocultar do mestre esses pequenos acidentes, mas no dia seguinte ele estava cortando lenha perto da gruta quando o machado escorregou de sua mão. Numa fração de segundo a lâmina atravessou o sapato de Artur, quase atingindo seus dedos do pé. Quando ele gritou assustado, Merlim chegou rapidamente e fez uma rápida avaliação do sapato.

-Está cada vez melhor- sussurrou Merlim suavemente.
Artur não conseguiu se conter.
- Como você pode ficar feliz por eu ter me machucado? -ele gritou
- Feliz? Do que você está falando? – Merlim parecia genuinamente confuso.
- Você não percebe que eu noto, mas sempre que algo ruim me acontece, você parece ficar satisfeito.
Merlim fez uma careta.
Você não deveria escutar às escondidas conversas que não são para você ouvir, especialmente quando são conversas que tenho comigo mesmo.
Essa resposta fez com que o menino se sentisse extremamente deprimido. Ele estava prestes a afastar-se rapidamente para escapar ao coração de pedra de Merlim quando o mago segurou-o pelo ombro.

- Você acha que me entende, mas isso não é verdade- disse ele. Sua voz tornou-se mais suave- Eu não estava festejando a sua desgraça. Eu estava comemorando o fato de você conseguir escapar. Você nem pode imaginar como esses acidentes poderiam ter sido piores.
- Você está querendo dizer que me salvou do perigo? – indagou Artur desconcertado. Merlim sacudiu a cabeça.
- Você salvou a si mesmo, ou pelo menos está aprendendo a fazê-lo. Não existem acidentes, embora vocês, mortais, acreditem neles. Existe apenas causa e efeito, e quando a causa está muito distante no tempo, o efeito retorna depois de você o haver esquecido. Mas esteja certo de que tudo que lhe acontece de bom ou de mau é resultado de alguma “ intenção” ( inconsciente ou não) ou ação no passado.
Por ser jovem e confiar no seu mestre, Artur não opôs resistência a essa nova idéia. Ele refletiu por um segundo.
-Você está dizendo que esses infortúnios são como um eco. Se eu gritasse ontem e o eco esperasse até hoje para voltar, eu talvez o tivesse esquecido.
- Exatamente.
-Então como estou aprendendo a evitar reações retardadas, se já esqueci as ações que lhe deram origem?- indagou o menino.
- Estando mais alerta. As ações voltam repetidamente para nós de diferentes direções. Existem tantos tipos de causa e efeito atuando à nossa volta que precisamos ficar muito atento para poder percebê-los. Nada é aleatório no universo. Suas ações passadas não estão voltando para puni-lo e sim para captar sua atenção. É como se elas fossem pistas.
- Pistas? Para o quê?
Merlim sorriu.
- A pista perderia a finalidade se eu lhe contasse. É suficiente que eu lhe diga que você não é quem pensa ser. Você vive em múltiplas camadas de realidade. Uma delas chamamos de espírito. Imagine que você não se conhece como espírito mas que seu espírito o conhece. O que poderia ser mais natural do que ele chamar por você? As pistas que caem do céu são mensagens do espírito, mas você precisa estar alerta para captá-las.
- Mas tudo que aconteceu foi eu cortar meu sapato com um machado e quase ser atingido por uma árvore que tombou. Foi apenas uma coincidência eu estar debaixo daquela árvore para me proteger da tempestade- protestou o menino.

-Isso é o que você me diz, e os mortais gostam de dizê-lo o tempo todo. Mas se você prestar atenção, perceberá que uma pista disfarçada está presente em cada coincidência . cabe a você interpretá-la. Contudo, vou lhe dizer o seguinte. Se aquela árvore tivesse caído em cima de você ou se você tivesse se machucado hoje, eu não teria me lamentado. Eu teria dito: É difícil prestar atenção ao espírito. Como você está conseguindo evitar cada vez melhor os acidentes e infortúnios, posso afirmar em vez disso:
ELE ESTÁ APRENDENDO A OUVIR.


COMPREENDENDO A LIÇÃO:

Dos mundos que o mago habita os que estão mais afastados um do outro são o da matéria e o do espírito. Esses são os dois pólos da nossa existência.
Quando falamos de causa e efeito, queremos dizer que as coisas materiais interagem- o Sol atrai a Terra fazendo com que gire ao redor dele, o riscar de um fósforo cria uma chama, o raio atinge a árvore e ela cai. O fato de os seres humanos habitarem essa arena de causa e efeito não faz nenhuma diferença; as leis da natureza operam sem fazer caso de nós.
Para Merlim cada ação da natureza, por mais insignificante, tinha um significado humano. Isso se deve ao fato de ele olhar para o pólo oposto, o mundo do espírito, para descobrir o lugar onde a causa e o efeito realmente começam.
- Vocês mortais precisam ser muito mais vaidosos- disse ele a Artur.
- Mais vaidosos? Você frequentemente diz que nada tão cheio de vaidade jamais foi criado- retorquiu Artur.
- Ainda afirmo a mesma coisa, mas se vocês fossem ainda mais vaidosos, talvez conseguissem perceber como são excepcionais. O universo está organizado ao redor do seu destino e obedece aos seus menores caprichos, e no entanto vocês saem por aí reclamando que Deus e a natureza são totalmente indiferentes.
- Se Deus não é indiferente, então por que Ele não mostra Suas Intenções?
- Ah, você precisa descobrir isso. Talvez o mundo tenha sido criado como um jogo divino de esconde-esconde.
- Ele seria um jogo muito cruel- disse Artur, sacudindo a cabeça.- Eu não simpatizaria com um pai amoroso que se recusasse a mostrar o rosto para mim. O que significaria então esse suposto amor?
- Não esteja tão certo de que a decisão foi Dele- admoestou Merlim- Se Deus pareceu afastar-se, talvez tenha sido você que O mandou embora.


VIVENDO COM A LIÇÃO
Se o espírito derrama pistas por todos os lados como você pode detectá-las? Primeiro você precisa estar disposto a enxergá-las;
Elas se manifestam de diferentes formas: quando você encontra alguém em quem acabou de pensar, ouve uma pessoa pronunciar uma palavra que acabou de passar pela sua mente, vê seus planos fracassarem e descobre nisso um benefício oculto, observa que um número excessivamente grande de coincidências estão acontecendo na sua vida para que possam ser verdadeiramente coincidências. O espírito frequentemente começa a falar dessas maneiras- elas poderiam ser chamadas de primeiros encontros. Escapar por um triz, os felizes acidentes e as intuições que se tornam realidade também se encaixam nessa categoria; em todos esses casos, os padrões normais de causa e feito são estendidos, algumas vezes rompidos. Se você tentar aplicar o tipo de lógica que diz que A causa B, que por sua vez causa C, a explicação não vai funcionar, porque essas coincidências são altamente improváveis e excessivamente pessoais. A verdadeira pergunta não é “ Por que isso aconteceu?” e sim “ Por que isso aconteceu comigo?”
É claro que a autocomiseração também pode gerar a mesma pergunta: Por que isso aconteceu comigo? É preciso aprender a fazê-la em função de uma curiosidade desprovida de autocomiseração. O ego acha que uma coisa estranha ou má não pode possivelmente ser ao mesmo tempo boa. No entanto, qualquer ocorrência destina-se a ser útil.
O espírito às vezes precisa usar uma bondade superior, ensinando uma árdua lição, por compaixão, para que coisas verdadeiramente desastrosas sejam evitadas.
É importante ter uma estrutura de entendimento, saber que outro aspecto de si mesmo- o espírito- está brilhando através da máscara do mundo material. Se você estiver disposto a aceitar que o espírito pode estar acenando para você, as pistas começarão a mudar. Começarão a adquirir uma conotação espiritual. O fenômeno é, por definição, impessoal. O mago diria que essas pistas são na verdade altamente pessoais, elas se destinam a guiar alguém.
Entretanto, enquanto você não pedir que o sentido oculto lhe seja revelado, você não poderá decifrá-lo.
- Não espere que o espírito escreva um livro e o leia para você- declarou Merlim- A vida é criativa, e o espírito também. Cada pista destinada a você é feita sob medida para seu nível de consciência. Sinta-se grato por que o espírito permanece invisível, logo depois da primeira curva. Fique feliz por poder ser um buscador a vida inteira, porque se o espírito revelasse de uma só vez todos os seus segredos, você se veria diante de memórias agradáveis, mas de um futuro apático e monótono.
Como o espírito está sempre em movimento, constantemente criando sua vida a partir da fonte invisível de toda a vida, você precisa ficar alerta a cada momento para compreender os métodos dele. Algumas vezes as pistas o atingem inesperadamente, como um raio, às vezes elas cruzam seu caminho tão silenciosamente como um gato que avança rastejando à luz do crepúsculo, outras vezes elas sorriem e geram um tremor de bem-aventurança.
Você sente uma enorme alegria ao penetrar no mundo do mago porque o mundo todo se torna vivo. Nada mais está morto ou inerte, porque a coisa mais insignificante pode servir de pista para a grande busca que envolve descobrir quem você realmente é.
- Respeite seu mistério. Nada é mais profundo- disse Merlim.- Mas persiga-o implacavelmente, tentando rasgar o véu a cada momento. O que torna a vida rica é ela ter sempre mais a oferecer com cada pista que apresenta.


SIGAM AS PISTAS....
Um abraço fraternal,
Adely

terça-feira, 16 de junho de 2009

Voltar a crescer...








* Salvador Dali e sua incrível expressão!

Há quase um ano, minha árvore favorita, pela qual passo todos os dias no caminho para a escola em que meu filho estuda, foi brutalmente podada.
Por ter crescido demais, seus galhos estavam se enroscando nos fios elétricos e encobrindo o semáforo da avenida. Um perigo, sem dúvida!
O fato é que não podaram os galhos, eles na verdade tosaram a árvore com máquina zero, sabe? Não sobrou nenhuma folhinha para contar a história!
Fiquei tão chocada ao vê-la daquele jeito, completamente nua, que passei a olhar todos os dias apenas para as raízes da grande árvore.
E assim os meses se passaram e meu olhar a cada dia se fixava num dos detalhes daquelas raízes gigantescas e profundas.
Na semana passada, percebi folhas, muitas folhas no chão e, quando notei, lá estava ela outra vez, exuberante, cheia de folhas e galhos sacudindo ao vento.
Não sei explicar, mas, da minha alma brotou um sorriso que meus lábios refletiram e senti meu coração se preencher das seguintes reflexões: “Por mais que alguém seja levado a extremos por uma “poda brutal”, o que é ele de verdade sempre volta a crescer; e muitas partes dele, antes desconhecidas, surgem também...”
Tenho certeza de que você, assim como eu e minha árvore preferida, passou por muitas “podas” durante a vida.
A “poda brutal” acontece pelo fim de um relacionamento no qual apostamos todas as fichas, por uma traição, pela perda de um emprego, por uma doença que nos fez parar projetos ou batalhas, por um sonho que se desmoronou feito castelo de areia...
Nesse período que parecia não ter fim, o terror se apossou das nossas almas, o amanhã se tornou um desafio imenso, algo parecia morrer, nada parecia restar ou preencher, nada inspirava ou sacudia e a dor latejava dentro do peito. Lembra da última vez em que esteve assim? Dá até para sentir o “ cheirinho” lá do fundo do poço, não é?
Porém, com o passar tempo, se permitimos que a vida entrasse de novo, se nos permitimos agarrar-nos a ela, seja pelo simples desejo de reconstruir ou pelo cansaço que o sofrer causa, pouco a pouco fomos nos refazendo, ficando mais fortalecidos, mais amadurecidos e acabamos de novo encontrando o “ sentido”.
Se isso ainda não aconteceu com você, talvez seja a hora de sacudir a poeira e seguir em frente. Sempre há uma nova chance, basta desejá-la de verdade e se ver livre do medo, principalmente do “medo em semente”, esse é o pior, porque está bem escondido. É preciso remover a terra fértil das lembranças para perceber se as sementes ainda estão lá.
Voltar a crescer depois de uma poda brutal dá trabalho, consome nossa energia, mas é possível e natural como a própria vida, que insiste em aparecer até nos lugares mais improváveis, como aquelas plantinhas que saem do concreto.Que teimosia para existir!!!
A vida cresce sem pedir licença, nos invade, nos arrasta, nos atira de penhascos, faz a ventania nos curvar até o chão, mas, depois, no próximo ciclo, ela nos acarinha, nos acolhe, nos estimula ao próximo passo, nos embala em seu solo fértil e morno.
A vida natural não é um quadrado ou uma linha, a vida é ampla, infinita, cheia de mistérios e surpresas.
Pessoas entram e saem dos nossos caminhos, ciclos começam e terminam, empregos se dissolvem como algumas relações, afinal, temos muito a explorar, muito a aprender, sentir e viver, não é para isso que estamos aqui?

Só mais uma coisa: Sabe qual é a diferença essencial entre as árvores e as pessoas?
Elas não ficam encaixotadas na própria bolha, com pena de si mesmas ou se consumindo de raiva de quem as machucou.
Elas simplesmente reúnem todas as suas forças e energia, abrem-se à vida e voltam a crescer. Elas simplesmente se permitem voltar a crescer.
Nós, muitas vezes, nos agarramos ao que nos foi cortado.
Fazemos disso nosso “viver”, arranjamos modos de defesa que nos transformam em seres “engessados” ou agressivos demais; pensamos tanto e por tantos anos a respeito da “poda” e com tanta dor e amargura que, muitas vezes, acabamos por recriar a mesma “poda” em algum lugar do futuro.
Esses são os nossos “padrões”. Padrões são como ciclos de podas que atraímos para nós.
“Quantas situações parecem se repetir na sua vida?”
As respostas a essa pergunta costumam evidenciar os principais padrões de sofrimento e dor que carregamos em nosso subconsciente - local onde guardamos as sementes do amanhã.
Tornar-nos conscientes das “sementes” que abrigamos em nosso interior se traduz em libertação. Não temos mais a necessidade de aprender pela dor, podemos fazer escolhas novas, através de um estado interior mais “desperto” e menos automatizado.

Tornar-nos conscientes dos galhos predispostos a crescer na “direção errada” quando ainda em embrião - ou em estado embrionário - e evitar que se desenvolvam nos protege da auto-sabotagem e do desgaste de trilhar um caminho distante da alma. (“errada” é a escolha contrária ao sentido da alma).
Vale lembrar que as árvores não tem escolha, não conseguem avaliar que, se crescerem para determinado lado, começarão a enroscar seus galhos nos fios elétricos e com isso atrair uma provável poda. Quanto a nós, temos sempre infinitas escolhas!
Refletir sobre as “podas brutais” sofridas ao longo da vida e sobre o resultado delas é um bom hábito.
Refletir sobre esses resultados e sobre o que se pode fazer para voltar a crescer na direção que faz sentido para a alma é a escolha de alguém que se descobriu criador da sua própria realidade.
Desejo-lhe folhas, tronco e galhos fortes, e raízes profundas para sustentá-los e nutri-los.

Um abraço grande,
Adely

* Elaine, obrigada pela colaboração nesse texto!

domingo, 24 de maio de 2009

A sabedoria de Merlim...


Sabe, quanto mais desperto para o fato de que viver a minha vida significa " sentir a minha vida" e não pensar ou tentar controlar; mais me surpreendo com a magia que é viver.
Passei muitos anos acreditando, como a maioria das pessoas que conheço,que viver era sinômino de expiação ( no fundo punição!), dor e sofrimento. Que era essa a " sina" da humanidade e que nada podia ser feito à respeito, exceto fazer o bem e rezar a
"Deus", para que Esse Olhasse para mim e me perdoasse pelos meus pecados.
Nunca engoli muito bem essa história toda, porque sempre acreditei em uma Força Amorosa que não pune, nem castiga. Ficava faltando porém, uma explicação para a razão de tanto " sofrer".
Lá pelos meus quinze anos de idade, passando os olhos pelas prateleiras de um sebo, me deparei com o título: " A Mente e a origem do sofrimento", era algo mais ou menos assim e falava sobre o conceito zen: " A Mente é o Todo e o Todo é a Mente".
Desse livro extraí uma frase que nunca mais consegui tirar da minha cabeça: " A origem de todo o sofrimento do homem está em sua mente, cuja mente se liga, sem ele saber, a todas as outras mentes. Tanto do que restou ( em energia) da mente dos que o antecederam, quanto de toda a humanidade".
Havia mais uma que me acompanha até hoje: " A mente faz o isolamento e a separação, mas você não está de fato separado de todo o resto. Tudo o que você vê fora é um reflexo do seu mundo interior. A paz só poderá ser encontrada quando você compreender verdadeiramente essa questão."
Um mundo novo se descortinou à minha frente. Óbvio que nos anos que se seguiram,
" esqueci" e relembrei infinitas vezes esses conceitos. Porém, ainda hoje recebo mais mais "sinais" do Universo, que me ajudam a aprofundar esses dois conceitos.
Há algum tempo atrás fui " chamada" novamente para uma prateleira de um sebo. Na verdade, eu não tinha nenhuma intenção de passar por um, naquele dia atribulado e caótico. Eu andava a passos largos, atrasada para um compromisso, quando passando por uma vitrine, "algo" em mim alertou: " Entra!". Caminhei mais uns passos: "Entra...".
Parei e voltei até aquela vitrine, era um sebo!
Entrei sem saber o que estava procurando, bem legal isso, não acha?rs
Decidi relaxar e deixar os olhos correrem, depois de uns dez minutos de busca, veio: " Esoterismo". Eu ainda pensei: " Mas há muito não leio nada desse gênero, já esgotei minha busca e saciei meu interesse!"
Repetiu!..cheguei para a atendente e disse: -" Onde está a sessão de esoterismo?"
Ela me disse: - " Aqui, bem atrás de você!"
Meus olhos foram direto para o seguinte título: " O caminho do mago" do Deepak Chopra.
Ao terminar o livro, fiquei maravilhada com o conteúdo e com a menira como ele veio parar nas minhas mãos, o livro certo, na hora certa!

Decidi compartilhar um dos trechos do livro que mais gosto:

“Todos possuímos um eu-sombra que é parte da nossa realidade total.
A sombra não está presente para magoá-lo e sim para mostrar-lhe onde você está incompleto.
Quando a sombra é abraçada, ela pode ser curada. Quando ela é curada, ela se transforma em amor.
Quando você puder viver com todas as suas qualidades opostas, você estará vivendo seu eu total como o mago.

-Você jamais parece se sentir solitário- comentou Artur. Havia uma ponta de inveja na voz do menino. O mago perscrutou-o atentamente.
- É verdade, é impossível ficar sozinho.
- Talvez para você, mas...- O menino se conteve, mordendo os lábios. Mas seus sentimentos levaram a melhor e ele desembuchou: - É bem possível sentir-se sozinho. Não há ninguém na floresta a não ser você e eu, e apesar de eu amá-lo como se você fosse meu pai, existem momentos...- Sem saber mais o que dizer, Artur parou de falar.
- É impossível alguém ficar sozinho- repetiu Merlin com mais firmeza.

A curiosidade levou vantagem sobre os sentimentos de Artur.

- Não vejo o por quê- disse ele.
-Bem, existem apenas duas classes de seres com os quais precisamos nos preocupar nesta questão- começou Merlim. –Os magos e os mortais. É impossível para os mortais ficarem sozinhos porque vocês tem muitas personalidades lutando dentro de vocês. É impossível para os magos ficarem sozinhos porque eles não tem nenhuma personalidade dentro de si.
-Não compreendo. Quem está dentro de mim mesmo?
-Em primeiro lugar, você precisa perguntar quem é essa coisa que você chama de mim mesmo. Apesar da sensação de que você é uma única pessoa, você é na verdade um composto de muitas pessoas, e suas múltiplas personalidades nem sempre se dão bem umas com as outras; aliás isso está longe de acontecer. Você está dividido em dezenas de facções, cada uma lutando para ocupar o seu corpo.
-Isso acontece com todo mundo?- indagou o menino.
- oh, sim. Enquanto você não encontrar seu caminho para a liberdade, você será mantido como refém pelo conflito existente entre suas personalidades internas. Segundo minha experiência, os mortais estão sempre deflagrando guerras interiores que envolvem todas as facções possíveis.
-Ainda assim, sinto que sou uma só pessoa- protestou Artur.
-Não posso fazer nada a respeito disso- replicou Merlim
-A sensação que você tem de ser uma única pessoa nasceu do hábito. Você poderia, com a mesma facilidade, ver a si mesmo da maneira como descrevi. Minha maneira é mais verdadeira, porque explica por que os mortais parecem tão fragmentados e conflituosos para o mago. De um modo geral, é tão desconcertante encontrar um mortal, que freqüentemente acredito que estou falando com toda uma aldeia em vez de com um único pacote de carne e osso.

O menino mostrou-se pensativo.

- Por que então eu me sinto tão solitário? Porque, Mestre, para dizer a verdade, é assim que me sinto.

Merlim olhou para seu discípulo com o9lhar penetrante.

-É de causar espanto que com todas essas pessoas lutando para ocupar seu corpo você possa em algum momento se sentir sozinho. Mas cheguei à conclusão que a solidão existe porque as pessoas existem. Enquanto existir “ eu” e “ você”, haverá um sentimento de separação, e onde existe a separação existe necessariamente o isolamento. O que é a solidão senão outro nome para o isolamento?

-Mas sempre haverá outras pessoas no mundo- protestou Artur.
- Você está certo disso? – replicou Merlim- Sempre haverá pessoas, isso é inegável, mas serão elas sempre “outras pessoas”?



COMPREENDENDO A LIÇÃO

Se você olhar atentamente para dentro de si, encontrará muitas personalidades competindo para usar seu corpo. Por exemplo, o conflito entre o bem e o mal dá origem a duas personalidades chamadas “ santo” e “pecador”. Elas nunca param de discutir; um dos lados espera eternamente ser suficientemente bom para satisfazer a Deus, e o outro sente eternamente impulsos “ maus” que nem sempre podem ser reprimidos.
A seguir estão os papéis com os quais você se identifica-* filho, pai, irmão, irmã, homem, mulher, sem falar na sua profissão: médico, advogado, padre, assistente social infantil, e assim por diante. Cada um desses fez uma reivindicação dentro de você, elevando a voz acima da dos outros a fim de apresentar um limitado ponto de vista. Repare que nem mesmo tocamos no seu senso de nacionalidade e identidade religiosa- esses sozinhos podem causar infinitos problemas.
Essas personalidade estão geralmente em conflito. O que chamamos de felicidade é um estado no qual grande parte desse conflito desaparece. Quando você nasceu não havia uma guerra dentro de você, porque os bebês não estão em conflito por causa de seus desejos. As vozes do bem e do mal, por exemplo, são inexistentes até o bebê ter idade suficiente para assimilar esses conceitos dos seus pais.

- Você não pode se tornar um mago enquanto não pensar novamente como um bebê- declarou Merlim.
- Como é que um bebê pensa? – perguntou Artur.
- Basicamente sentindo. O bebê sente quando está com fome ou com sono. Quando as sensações são apresentadas a ele, o bebê é capaz de sentir se elas lhe trazem prazer ou dor, e ele reage em conformidade com o que sente. O bebê não se sente inibido por desejar o prazer e querer evitar a dor.
- Não vejo nada de especial nisso- disse Artur. – Os bebês apenas choram, riem, comem e dormem.
- Muitos mortais teriam, sorte se fizessem isso depois de adultos- murmurou Merlim. – estar aqui neste mundo num estado de contentamento é uma verdadeira realização.

O instinto inocente do bebê recém-nascido a respeito do que parece bom ou mau rapidamente se perde. Começam a surgir vozes dentro dele; no início, a voz da mãe dizendo “ sim” e “ não”, “ bebê bom” e “ bebê mau”. Quando sim, não, bom e mau estão em concordância com o que o bebê quer, não existe dano. Mas inevitavelmente acaba surgindo um conflito entre as necessidades do bebê e o que seus pais esperam. O mundo interior e o exterior começam a colidir. Em breve são semeadas as sementes da culpa e da vergonha; o temperamento destemido do recém-nascido é manchado pelo medo. O bebê aprende a duvidar de seus instintos. O impulso interior de “ É isso que eu quero” se transforma na pergunta: “ É aceitável que eu queira isso?”
Passamos a vida nos esforçando para voltar ao estado de auto-aceitação no qual naturalmente nascemos. Durante anos as perguntas se multiplicam, e empurramos nas cavernas secretas e nos porões escuros da psique a maior quantidade possível de dúvidas, vergonhas, culpa e medo. Esses sentimentos permanecem vivos, por mais profundamente que os enterremos. Todos os conflitos internos que temos tanta dificuldade em conciliar reduzem a um eu-sombra.

- Sua corte é muito interessante- comentou certa vez Merlim com Artur, depois de este se tornar rei.- Eu não percebera que vocês, mortais, tem todos o mesmo emprego.
- É mesmo?- perguntou Artur. – E qual é ele?
- Carcereiro- replicou Merlim, recusando-se a falar mais sobre o assunto.

Aos olhos do mago, somos todos carcereiros do nosso eu-sombra. A mente inconsciente é a prisão onde energias indesejáveis estão encarceradas, não por imposição, mas por terem sido marcadas por anos de sim e não, bom e mau.

O eu-sombra é apenas outro papel ou identidade que trazemos conosco, mas nós não o apresentamos em público. Na maior parte do tempo, o eu-sombra está excessivamente confuso e amedrontado para ser mostrado à luz do dia. Mas não existe nenhuma dúvida de que ele existe, pois cada um de nós inventou a própria sombra, uma persona cuja tarefa é conduzir todas as energias das quais não conseguimos nos descartar. Para o recém-nascido, o problema de se agarrar a sentimentos “ maus” ou pouco saudáveis não existe. No instante em que você lança algo negativo no ambiente do bebê, ele chora e se afasta.
Essa é uma reação extremamente saudável, porque ao se expressar tão livremente, o bebê é capaz de livrar-se de energias que de outra maneira se agarrariam a ele. Quando crescemos, contudo, aprendemos que nem sempre é apropriado nos entregarmos a esse tipo de manifestação espontânea. Em nome da polidez e do tato, de conhecermos nosso lugar, ou ainda de fazer o que nossos pais mandaram, cada um de nós aprendeu a se agarrar a energias negativas. Nós nos tornamos baterias com uma vida útil cada vez maior, até que agora, como adultos, nos agarramos a uma raiva, ressentimento, frustração e medo com anos de existência. O pior de tudo é que nos esquecemos do instinto de descarregar nossas baterias."


* O termo " mago" refere-se ao homem que vive segundo seu " Eu Interior".
" Mortais" aqueles que vivem segundo a mente que é limitada e que está baseada apenas naquilo que vê, controla e compreende.

Um abraço grande,

Adely

domingo, 17 de maio de 2009

O poder do cativeiro


Passeando outro dia sem rumo pela internet, encontrei um artigo sobre o comportamento dos animais em cativeiro e a aparente perda do contato com os instintos.
Comentava sobre a depressão, a perda do apetite, a dificuldade na reprodução, o alto índice de abortos espontâneos em algumas espécies e tudo mais o que já sabemos: “bicho foi feito pra viver em liberdade!”.
Terminei de ler o texto e fiquei ali, sozinha e em silêncio, deixando a mente correr solta e atenta aos meus sentimentos, esperando que meu “ Eu Interior” me mostrasse a razão pela qual cheguei “ ao acaso”( ele não existe!) nessa página.
Refleti sobre meu desconforto durante as visitas com meu filho ao zoológico, sobre minha relação com a natureza e especialmente com os animais de quatro patas e isso inevitavelmente me levou a recordar minha infância.
Meus pais se separaram quando eu tinha cinco anos de idade. Fiquei oito anos sem contato com meu pai e minha mãe lutava muito para me criar sozinha e eu tinha a completa consciência disso: eu nasci velha! Nenhum sentimento, ou estado de ânimo passava despercebido, talvez por isso “cresci” muito rápido e fiz o máximo que pude para mostrar que era capaz de me “ virar sozinha”. Assim, com seis anos, eu passei a voltar da escola e a ficar sozinha em casa, até a noite quando ela voltava do trabalho. Minha única exigência era ter três gatos!
Para aqueles que ainda acreditam que os gatos são bichos traiçoeiros ou que não possuem sentimento algum pelas pessoas, afirmo que isso é uma grande bobagem! Quem se permitiu conhecê-los sabe que são seres dóceis e companheiros. Talvez o desafio esteja no fato deles constantemente nos ensinarem sobre o “respeito ao tempo do outro” e sobre a importância de estarmos constantemente ligados ao nosso próprio tempo.
É verdade que os gatos não fazem nada que não queiram, mas, é verdade também, que são profundamente atentos ao nosso estado de ânimo: um gato sempre sabe quando seu dono está carente ou desanimado!
São seres individualistas sim, mas vivem muito bem em comunidade.
E apesar de parecerem animais domésticos, preservam-se “selvagens” ( no melhor sentido da palavra!) e livres.
Talvez por isso o “cativeiro” pareça não existir para eles, assim como sinto que hoje não existe para mim também: apesar de me sentir comprometida com o meu trabalho e com os vários aspectos da minha vida particular, não me sinto aprisionada por nada. Sinto-me livre para refazer escolhas a qualquer momento, e isso é extremamente confortável.
Lembrei das fases da minha vida em que me acreditei presa a um “cativeiro” e da minha incapacidade de perceber que o cativeiro era uma escolha. Havia muitas outras escolhas disponíveis a todo o momento, mas, eu só conseguia fazer as escolhas “programadas” , ou seja, aquelas que me ensinaram a ter.
E assim, girava como um “cão em torno do rabo”, refazendo histórias de dor e infelicidade.

Diferentes dos animais irracionais que não possuem muitas escolhas, nós somos apenas reféns de nós mesmos, não tenho dúvida alguma sobre isso!
Obviamente que temos sempre uma longa lista de desculpas que pareçam justificar a nossa permanência no cativeiro. No fundo, porém, sabemos que são apenas desculpas.
Li uma vez, sobre uma experiência que fizeram com um cão em uma jaula. O chão da jaula era de metal e colocaram vários pontos que quando ativados disparariam pequenos choques nas patas do animal.
Ativaram o lado direito e o cão assustado pulou para o esquerdo e correu em direção à porta da jaula. Ativaram o esquerdo e o cão pulou para o lado direito e em direção a porta. Passados alguns dias, ativaram os dois lados ao mesmo tempo, o cão rodopiou de um canto a outro apavorado. Repetiram a experiência por vários dias e o cão começou a parecer não se importar mais com o incômodo provocado pelos choques em suas patas. Passou a ficar deitado recebendo os choques.
Perceberam que o cão foi ficando deprimido, com aquele olhar vago, até que um dia decidiram ativar os choques dos dois lados e abrir a porta da jaula, o cão permaneceu imóvel, mesmo com a jaula aberta.
Concluíram que os animais , assim como nós, acabam se acostumando com a violência e com a dor.
Talvez por essa mesma razão, tenhamos a tendência de não perceber a possibilidade de novas escolhas, sempre à nossa disposição.
Sinto que quando nos acostumamos com a dor, passamos a duvidar da vida e da possibilidade de acontecimentos positivos e alegres.
Passamos a preferir a dor que conhecemos à dor desconhecida.
Perdemos a fé na possibilidade de uma vida nova por detrás da porta da jaula. Perdemos a fé na capacidade de fugir, das nossas pernas e pés.
Parece faltar-nos a energia necessária para sair do lugar, mas nas profundezas do nosso ser sempre há um reservatório infinito de energia à nossa disposição, para isso basta apenas um passo: um “não”, um “chega” ou “não quero mais”.
Lembre-se de que “cativeiro” é tudo aquilo que nos rouba o que nos é mais precioso e vital. Que nos traz a seguinte sensação: “Não sei por que não consigo sair daqui.”, ou, “Não sei por que agüento tudo isso”.
Você pode jurar que a razão está no fato de pensar nos outros ou de não se crer capaz de dar um novo passo. Não importa! O fato é que a chave da jaula está ao seu alcance.
Quando falo em fazer novas escolhas ou abrir a jaula e correr para longe, estou me referindo a começar um movimento de mudança interior: novos posicionamentos, novas perspectivas, novos comportamentos, novas reações, já que a jaula é um fator interno.
A jaula é na maior parte das vezes fruto do nosso descaso para conosco, das frases não ditas, do “deixa pra lá”, da falta de postura e de atitude, da mania de querer carregar o mundo nas costas..
É claro que algumas jaulas externas também existem: relacionamentos destrutivos e violentos, empregos que escravizam, amizades erradas, laços familiares que são como tumores enraizados; e sem dúvidas algumas vezes o rompimento e o afastamento físico são necessários. Tratar das feridas posteriores é mais necessário ainda!
Se você se sente completamente distante de “ tudo aquilo que um dia foi”, ou que sonhou em ser, se está deitado entregue ao próprio “ destino” sem ao menos perceber mais a dor e o desespero, chegou a hora de olhar para tudo aquilo que o aprisiona. Tenho certeza de que se olhar bem verá que a jaula é feita de papelão e que a porta que parece existir está há muito tempo aberta, esperando por seus passos.
Uma dica de quem já derrubou muitas jaulas de papelão: preste atenção em um gato pressentindo um acontecimento. Você o verá farejando o ar, as orelhas estarão atentas virando para todos os lados, os músculos prontos para saltar e correr, os pés estarão firmes no chão e o olhar já terá detectado nessa fração de segundos, a melhor rota de fuga.
Com certeza nesse momento o gato não pensará nas conseqüências da sua fuga, se irá deixar algo caído ou quebrado, se conseguirá escapar ou não, nem irá querer saber o que as pessoas acharão disso, ele apenas correrá em busca de segurança.
Alguns momentos da vida exigem isso, calar a mente e deixar o corpo fugir.
Só mais uma coisa: as jaulas geralmente se disfarçam de SEGURANÇA, esteja atento, e ao invés de “SEGURANÇA” experimente buscar conforto, bem-estar, prazer, alegria, aconchego e amor-próprio! Claro que tudo isso acaba se traduzindo numa sensação magnífica de segurança natural, mas aquilo que chamamos de “Segurança”, acaba na maior parte das vezes, nos custando a própria “pele”.
Sinceramente? Aprendi com os bichos uma coisa que procuro ensinar também ao meu “filhote”: SOFRER NÃO É BOM, NEM FAZ BEM!”.
Aventure-se a imaginar-se livre das jaulas, deixe-as para trás se preciso for, mas lembre-se de cuidar daquilo que em você as criou. Se não for assim, você apenas mudará as jaulas de endereço.

* Dedico esse texto aos “ meninos e meninas” que fazem parte da minha estrada e que insistem em acreditar que as jaulas não são de papelão.
Lembrem-se também de que não adianta apenas ter a coragem necessária para correr para fora da jaula, é preciso “ sustentar” a fuga e a vida nova lá fora.

Um abraço fraternal,

Adely

segunda-feira, 27 de abril de 2009

"Sementes"...




“Ser jovem enquanto velha,
Velha enquanto jovem,
Quando uma pessoa vive de verdade,
Todos os outros também vivem. ”


“Quando eu era menina,
Meus sapatos nunca serviam;
Bolhas de um rosa vivo nos calcanhares.
Não me lembro: será que meus sapatos eram muito apertados ou grandes demais?
Com o chapéu nas mãos, os coitados dos meus pais
Perguntavam ao médico: “Tudo certo com ela?”
“Problemas com os pés”, dizia o médico.
“O defeito é grave”.
E assim meus pais gastavam seu dinheirinho
Em sapatos reforçados para os pés defeituosos.
O médico ameaçava:
“Ela nunca mais pode andar descalça!”

Nos sapatos de chumbo, eu acidentalmente atingia o lado de dentro
Dos meus tornozelos ao correr ou andar-
Os sapatos faziam meus joelhos baterem um no outro,
Com os ossos estalando, os tornozelos sangrando.
Mas sem aqueles sapatos, sem nenhum sapato,
Os cachorros e eu corríamos como o vento.

Toda criança tem uma vida secreta longe dos adultos,
E assim, no verão ou na neve,
Não fazia diferença, eu escapulia
Para uma das verdes salas do trono
Na floresta, e lá eu desatava
Os mil cordões dos sapatos de ferro,
Fazia força para abrir os canos altos e duros,
E arrancava aqueles sapatos de duzentos quilos
Que poderiam atingir e matar uma mula.
E então eu só ficava sentada ali,
Uma menininha cantando alto lá-lá-lá
Enquanto meus pés balançavam descalços, a escutar.

Forçada de volta
Àqueles sapatos anos após anos
Foi então que comecei a planejar
Amputar meus pés
Só para ver o médico desmaiar
Só para refletir sua visão brutal
De como deveriam ser pés “sem defeito”.
“Não andará direito pelo resto da vida”, disse ele.

Uma vez ouvi uma mãe rica
Dizer à filha toda arrumadinha
Num banheiro público
Onde se pagava dez centavos
Para usar o sanitário limpo em vez de sujo:
“Não deixe seus pés se alargarem;
Use sapatos o tempo todo, até quando for dormir...
Não tenha pés comuns”, aconselhou a mãe.
Fiquei cismada....”Mas o pé comum é tão...
Bem, é tão bom ele ser comum, não é mesmo?”

“Não! Ela não tem arco nenhum!”, disse o médico....
“Como uma índia de pés chatos”, disse ele.
“Mas meus antepassados”, murmurei...
“Eu sou uma índia de pés chatos”, disse eu.
E mais tarde já adulta, ao ver
Minhas ancestrais e seus pés de solas gordas,
Eu soube que meus pés foram criados
Para andar por campos de lavoura,
Para cobrir quilômetros na terra batida no escuro,
Para ingerir nutrientes da terra
Direto através das solas,
E para andar empertigada , deslizar e girar na roda de dança.

Mas naquela época, nas chamadas
“boas maneiras do interior”,
Os pés das mulheres costumavam ser criados para tornarem-se
Pequenos sacrifícios humanos,
Mantidos pequenos demais,
Não sem peias,
Mas, de certo modo, sem pés.
Incapazes de correr morro acima, morro abaixo ou fugir.
Revela-se...
Que era exatamente esse o objetivo.

Mas meus pés fugiram comigo
Neles de qualquer modo
E hoje, nada de sapatos reforçados
Para me fazer “andar direito”,
Pois com eles ou sem eles, não importa,
Eu nunca andei direito;
....até mesmo hoje, seguindo pela rua,
Eu dou uma guinada,
De repente querendo ver alguma coisa,
Me juntar àquela marcha,
Recuperar essa noite,
Falar com alguma pessoa ou algum bicho,
Fazer um desvio até uma flor que cresce,
Através das pedras,
Abaixar para falar com uma criança
Sobre a ocupação importantíssima
De caçar coelhos para obter créditos acadêmicos,
Ou só para parar e balançar diante de um amado.
Meus pés e pernas pertencem Àquela que Dança
Que também possui meus quadris...
E os sapatos corretivos não
Corrigiram nada
Que fosse mais necessário que minha Alma.
Todos os ritmos mais importantes,
Os jeitos de parar e os passos largos
Permanecem “sem conserto”.

Agora, acho que meus sapatos talvez sejam
Uma das minhas formas cruciais de arte.
Espero que por fim seja aceitável
Que eu com freqüência use,
Os tipos mais descabidos de sapatos
E às vezes irreverentes que sejam possíveis.

Acho que por fim chegou a hora
- sem consultar qualquer médico-
Em que posso também andar descalça
Sempre que possível,
Para que eu possa realmente enxergar e ouvir....”

(Trecho do livro: “Ciranda das mulheres sábias”, Clarissa Pinkola)


Acredito que todos nós, homens ou mulheres, tivemos as nossas “diferenças” cruelmente rotuladas.
Não importa se o rótulo foi: “teimoso demais”, “genioso demais”, “afetivo demais”, “curioso demais” , “atrevida demais”, “lunático demais”, ou qualquer outro do gênero; o fato, é que ele oculta uma enorme potencialidade criativa.
Os nossos “defeitos” são grandes qualidades em desenvolvimento, que necessitam de maturidade, responsabilidade e direcionamento.
Caso você tenha “espremido” o bastante a sua natureza para se livrar dos rótulos, ou melhor, das “qualidades”, aceitando os “moldes culturais” que objetivam nos tornar “seres em série”, sinto informar-lhe, mas, os seus problemas atuais, refletem a dor sufocada em sua Alma, em conseqüência de tal deformação.
Assim como a autora, talvez, você tenha pensado em “amputar”, não seus pés, mas quem sabe a sua alegria, o seu entusiasmo, a sua auto-valorização ou a sua vontade de se lambuzar de vida e de sonhos.
Se esse é o seu caso, talvez haja algo em você que culpe as outras pessoas, ou a própria vida por tal amputação, mas quero lhe dizer duas coisas importantes que descobri, ao cuidar das minhas próprias “amputações”:
* Ninguém pode entrar em nosso interior e “matar” coisa alguma. Na expectativa insana de atender ao que os que amamos esperam de nós, nos castramos e amputamos o fluxo de vida e de alegria em nosso interior.
* Porém, por mais que aparentemente pareçamos “amputados” de alguma coisa; em nosso interior, nas profundezas do “solo fértil” da Alma , adormecidas, as sementes aguardam um raio de vontade para voltarem a crescer.

O que é natural, se auto-regenera, sempre!!!

Um abraço fraternal,

Adely

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Crer na vida...

Creio na força que vejo e que chamo de Natureza,
Creio Naquilo que não vejo e que me sustenta,
Na chama que em tudo ocultamente arde,
Revirando e extraindo o sumo das possibilidades,
Mais sublimes e inesperadas.
Não ouso nomeá-lo, dar-lhe formato,
Compreender ou buscar controlar.
Me faço apenas observadora e tecelã dos fragmentos,
das repetitivas coincidências que antes ousava chamar de destino.
Recolho retalhos de escolhas,
Observo ciclos, intenções e espelhos em minha alma.
Encaixo e desencaixo posicionamentos,
Me desfaço das velhas máscaras protetoras,
Reinvento opiniões e pensamentos,
Me recolho e reviro meus armários,
Jogo fora mais um pouco do peso passado,
Esvazio a bagagem deixando para trás os moldes,
Observo o fluir da vida e me encaixo nele,
Aprendi a não nadar contra a correnteza!
Fluindo, numa hora qualquer,
Encontro uma margem segura para recomeçar.
Creio na vida, em suas marés e em sua força,
Nos potenciais humanos e no inesperado,
No mistério e nas noites que sempre passam,
Nos dias e nas tempestades que sempre terminam,
E, sobretudo, nas voltas que a vida dá.
Nada permanece imóvel ou segue do mesmo jeito
É no cenário constante de vida-morte-vida,
Que tudo acontece, morre e torna a viver.

Apesar de ser mais fácil crer que tudo tende a dar errado ou a não ter saída, a Vida é constantemente repleta de novas possibilidades.
Sempre há um novo ponto de vista à ser descoberto, uma alternativa a ser tomada, algo a ser transformado ou reformado.
Mudanças externas, implicam em mudanças internas. Não dá para mudar algo, mantendo-se com os mesmos pensamentos, atitudes e pontos de vista.
Não importa em que ponto do caminho você esteja, ou qual situação esteja enfrentando, talvez seja esse o seu ponto de partida para uma vida diferente, ou melhor, para uma nova maneira de lidar consigo e com a sua vida.
O que chamamos de destino é o resultado das nossas escolhas, na maior parte das vezes, inconscientes.
O que chamamos de “karma” é o resultado da repetição de um padrão de comportamento. Não adianta simplesmente “arrastar a cruz”, é preciso compreender o que o leva a querer arrastá-la. Aí está o aprendizado!
Dê-se sempre uma chance de mudar e recomeçar, mas faça isso já, um passo de cada vez. É simples assim, apesar de parecer complexo.
Se parecer difícil demais e surgir o “eu não consigo”, experimente substituí-lo pelo “eu não quero”. É mais digno de um ser tão poderoso quanto o humano.

Desde que o ano do Sol começou, 21 de Março, sinto um fluxo de “fazer mais e falar menos”. Muita gente nova chegando, um pessoal bem “solar”, com vontade de crescer e de brilhar; o tempo curtíssimo, a energia solar é ágil, exige que a gente se adapte, por isso tenho escrito muito pouco, simplesmente seguindo o fluxo da vida.

Um abraço fraternal,
Adely

terça-feira, 17 de março de 2009

Realidade



Palestra do “Guia” por Eva Pierrakos
19 de agosto de 1957

REALIDADE – IMAGEM PROJETADA
Saudações. Trago a vocês a bênçãos de Deus, meus queridos amigos. O homem tem enorme dificuldade em entender o que realmente significa dizer que o céu ou o inferno estão dentro dele. Em geral, o homem acha que se trata de um estado emocional, e, portanto, algo irreal, algo que não pode ser tocado porque, para o homem, a realidade é aquilo que ele pode ver e tocar. E o estado emocional não pode ser visto nem tocado. Quando dizemos a vocês que os pensamentos e os sentimentos são formas, fica um pouco mais fácil entender que essas formas constroem as respectivas esferas. A paisagem, o ambiente, o vestuário, seja o que for, estão em harmonia ou desarmonia – isso depende – com todos os muitos, muitos níveis intermediários. Mas isso ainda não responde à pergunta de como tudo isso pode estar dentro do homem, que acredita que em seu íntimo não há espaço para essas paisagens e outras esferas. Por mais difícil que seja explicar essa questão, vou procurar fazer um esboço para que vocês aumentem seu conhecimento dessa área.
Assim como o elemento tempo é totalmente diferente do que é na verdadeira realidade do espírito, também é diferente a dimensão ou, se vocês preferirem, as indicações espaciais – acima/abaixo, direita/esquerda, etc., isto é, as dimensões que vocês conseguem entender na terra. Quando o homem se livra do corpo, ele vai para dentro, para as esferas espirituais, pois todo o universo está dentro do homem, efetivamente! Talvez vocês entendam melhor se eu der um exemplo, por mais imperfeito que seja. Imaginem que vocês têm um telescópio e olham nele pelo lado errado; tudo fica muito pequeno. Mas esse minúsculo quadro é o mesmo que vocês dizem existir na realidade. Mas, vocês podem objetar, como pode o universo inteiro, mesmo se as dimensões forem diferentes, estar em todos os homens, se o universo é um só?
Minha resposta é a seguinte. O mundo terreno de vocês não é, de fato, a verdadeira realidade, nem mesmo no sentido espiritualmente traduzido ou simbólico, mas apenas um reflexo, a imagem refletida, a projeção da verdadeira realidade. O corpo, que encerra o espírito, ocasiona a separação. Mas assim que o muro separador é retirado, quando o corpo é abandonado, todo esse universo, que está em cada um de vocês, se une, supondo naturalmente que a pessoa tenha atingido o nível de pertencer à esfera onde não há mais muros de separação. Quanto mais baixa a esfera, aqui ou lá, maior o número de fatores de separação.
Estou descrevendo a situação em largas pinceladas, pois as palavras não servem para uma descrição completa. Elas têm suas limitações, mas podem ser uma orientação para que vocês meditem sobre o que isso significa: o céu ou inferno e tudo que existe entre os dois está dentro de vocês. Não é apenas um estado emocional, como vocês sempre acharam, apenas um estado de espírito, ou algo abstrato. O que vocês consideram abstrato é concreto no espiritual – tudo. O que para vocês não tem forma, no espiritual tem forma, porém não densidade. Ainda pode ser difícil vocês entenderem que a material que podem tocar é apenas uma imagem refletida ou um reflexo do universo que está em cada alma, em sua totalidade, mas talvez essa dificuldade possa ser superada, até certo ponto, na meditação.

Uma ótima semana!
Adely

segunda-feira, 9 de março de 2009

O Mahalilah.....

O jogo de ontem (08/03) foi completamente diferente dos outros!! Claro que todos os jogos são únicos, mas é que ontem esteve por lá uma "galera" bem sensível, todos bem conscientes da sua própria responsabilidade para consigo. Havia uma energia bem suave pelo ar e eu quero dizer a você que esteve lá ontem que fiquei feliz com a sua presença. Coloquei o significado de todas as cartas,pois quem sabe alguma outra palavra te ajude a encaixar mais uma peça do "quebra-cabeça" que é o autoconhecimento.

PALAVRAS DA MÃE INTERIOR:

Gildéptis
SÍNTESE

Eu tomo os opostos
e os conflitos
tudo o que é contraditório
Eu pego o diferente
e o variado
Eu pego o simples
e o solitário
e misturo e fundo
derreto e ligo
Eu tomo o que está separado
e crio união
Eu junto
o que precisa ser unido
assim a totalidade é alcançada

Significado da carta
Gildéptis entra mansamente na sua vida para mostrar que o caminho da totalidade para você agora é a síntese. E hora de juntar os aspectos divergentes, os opostos num todo. Neste momento de sua vida, você pode estar envolvida em conflitos ou oposições. Agora você deve resolvê-los e criar união. Talvez você esteja dissipando a sua energia, sua força vital, em muitas direções, ou tenha colocado muita lenha na fogueira. É hora de descobrir um fio comum que servirá para atender às suas necessidades da melhor forma possível.
Gildéptis diz que aprendendo a ouvir todas as partes, todos os aspectos divergentes, e isso pode incluir sua família, comunidade ou parceiro, você pode oferecer o que é necessário para criar a totalidade.
A totalidade é criada quando todas as partes são respeitadas e ouvidas, quando todas as partes são unidas e sintetizadas num todo. As maiores oferendas à totalidade muitas vezes estão nos pontos mais discrepantes.



Pachamama
CURA/TOTALIDADE/SAGRADO

Eu canto uma canção de amor
a partir das pedras do meu corpo
dos picos mais altos das minhas montanhas
das areias quentes dos meus desertos
Eu a acaricio com folhas verdes
plantas verdes
relvas verdes
Eu a banho em vegetais
alimento-a em meus seios
a Terra
Eu a acalmo com águas cintilantes
refresco-a em meus oceanos
Minha canção de amor para você
é o meu corpo
a Terra
para alimentá'la
vesti-la
acolhê-la
Aprenda a minha canção
e ela vai curar você
cante a minha canção e ela a fará inteira
dance comigo e você será sagrada


Significado da carta
Pachamama espera por você de braços abertos. E hora de aceitar o abraço de Pachamama. Este é o momento de curar/integrar e de lembrar- se de sua santidade, lembrar-se de que você é um ser sagrado.
Você sente uma ligação com a Mãe Terra como um organismo vivo ou considera a Terra uma rocha inerte sob seus pés? Está às voltas com algum sofrimento que nada parece aliviar? Come e bebe água sem dar graças à Terra? Está buscando respostas para as suas perguntas? Passa algum tempo ao ar livre abrindo-se à Terra e às suas energias vitais? Abrir-se a Pachamama é algo que pode ocorrer em qualquer lugar. Essa comunhão pode se dar num parque da cidade, em seu próprio quintal, em alguma floresta remota, na mata ou no deserto. Pachamama diz que a cura ou integração é alimentada quando você se abre para ela que quando você alimenta o despertar, sua vida fica mais criativa, em vez: de reativa — uma posição infinitamente mais poderosa.



Eurínome
ÊXTASE

Quando despertei e surgi do
caos rodopiante e fervilhante
não vendo outra maneira de expressar
o puro deleite
a selvagem alegria
a explosão de energia
que senti
comecei a dançar minha exuberância
essa sensação de flutuar num mar
de alegria arrebatadora
perdida e transportada
na intensidade
do êxtase

Significado da carta
Eurínome dança na sua vida para dizer que é hora de êxtase. Ele está aqui para você em toda a sua plenitude, exuberância e entusiasmo. Como você pode proporcionar a si mesma um êxtase profundamente
fortalecedor e alegre? Um caminho é curar as suas feridas. Elas ocupam lugar emocional em seu íntimo. Uma vez curadas, o espaço que elas ocupavam fica disponível para o êxtase. Outro caminho é abrir-se a ele, invocá-lo, senti-lo e deleitar-se nele. Para aqueles que tiveram pouca alegria na vida, a decisão consciente de cortejar, seduzir e provocar o êxtase certamente é bem-vinda. Eurínome diz que, quando você tomar a decisão de dançar com o êxtase, a vida a desafiará com novas oportunidades para facilitar essa dança.

Hator
PRAZER

Quando você vem a mim
eu tomo o seu espírito
das estrelas
e o visto
num corpo de sensação
para delicadamente concentrá-la na forma
para benignamente aquecê-la na bem-aventurança
Você está aqui para sentir o deleite
desfrutar a recompensa
conhecer a satisfação
ter prazer
em todos os caminhos
de todas as maneiras
em todos os aspectos
O prazer toma-a suculenta
faz seus olhos cintilarem
anima a sua energia vital
O requinte da existência
é o prazer
Prepare-se para sentir-se muitíssimo bem

Significado da carta
Hator está aqui para dizer que o caminho da totalidade para você está em ligar-se ao que lhe traz prazer e em sentir o prazer. Acaso lhe ensinaram que o prazer é proibido, algo pecaminoso ou mau? Você está tão ocupada cumprindo seus compromissos que o prazer fica relegado ao último lugar em sua lista de prioridades? Você nega o prazer para ir trabalhar? PARE! É hora de mudar tudo isso. O prazer alivia
a tensão, relaxa e revigora você. Prazer é o modo como o corpo expressa saúde e vitalidade. É o óleo que mantém você lubrificada e viçosa.
Hator diz que já que você escolheu estar aqui num corpo físico, você poderia também aproveitá-lo. Não espere que os outros atendam a essa necessidade. Planeje dar diariamente um prazer a si mesma e você encontrará a satisfação dançando em sua vida.



Inanna
ABRAÇANDO A SOMBRA

Fui até lá
de livre vontade
Fui até lá
com meu vestido mais lindo
minhas jóias mais preciosas
e minha coroa de Rainha do Céu
No Inferno
diante de cada um dos sete portões
fui desnudada sete vezes
de tudo o que pensava ser
até que fiquei nua naquilo que de fato sou
Então eu a vi
Ela era enorme e escura e peluda e cheirava mal
tinha cabeça de leoa
e patas de leoa
e devorava tudo que estivesse à sua frente
Ereskigal, minha irmã
Ela é tudo o que eu não sou
Tudo o que eu escondi
Tudo o que eu enterrei
Ela é o que eu neguei
Ereskigal, minha irmã
Ereskigal, minha sombra
Ereslágal, meu eu

Significado da carta
Inanna está aqui para dizer que uma jornada no Inferno é o caminho da totalidade para você agora. Está na hora de dançar com a sua sombra, reclamar o que você negou, abraçar a sua irmã sombra, o seu lado
sombrio. Você precisa de todos os aspectos de si mesma que seus pais, os que cuidaram de você, seus professores e a sociedade consideraram inaceitáveis para conquistar a totalidade na sua vida. Quer
se trate de seu talento, de sua beleza, do seu vampiro interior, de sua raiva, de sua loucura, é necessário que você se entregue à viagem e abrace o seu lado sombrio. Se você já estiver no Inferno, a aparição
de Inanna talvez signifique que está na hora de voltar. Viagens ao Inferno para abraçar o lado sombrio são uma lei em si mesmas. Elas duram o tempo que for preciso — você não pode adaptá-las à sua agenda.
Quando estiver na hora de ir, você irá. E só voltará quando estiver pronta. Console-se com a certeza de que todas as viagens ao Inferno terminam e de que você de fato retornará — muito diferente em relação
à pessoa que pensava ser ao iniciar a viagem.

Shakti
ENERGIA
Sou a fonte definitiva
que dança através de todas as formas
Sou a força animadora
que vibra para o mundo existir
Eu ativo
fortaleço
potencializo
Deixe-me preenchê-la
com êxtase cósmico
Deixe-me religá-la
recarregá-la
renová-la
Eu sou o néctar do mel da doce bem-aventurança
que serpenteia pela sua coluna
ligando todos os seus chakras
numa grande orgia orgásmica
de poder
e vitalidade


Significado da carta
Shakti explode na sua vida para energizá-la e revitalizá-la. O caminho da totalidade para você agora está em aprender a trabalhar com Shakti: a divina, cósmica, orgásmica energia da Deusa. Você anda se
sentindo cansada? A vida a deixa aborrecida, com todas as suas exigências? Você fica distribuindo sua energia e vitalidade, sem repor, sem recarregar, revitalizar? Talvez haja algo que você queira manifestar mas sente que não tem energia para fazê-lo. Shakti diz que existe energia em abundância disponível para você. Tudo o que você tem de fazer é aprender como ligar-se a ela.
Sétimo: branco
Sexto: púrpura
Quinto: azul
Quarto: verde
Terceiro: amarelo'-.
Segundo: laranja
Primeiro: vermelho


PALAVRAS DO PAI INTERIOR:

* Consciência- o véu da ilusão ou maya, que tem estado impedindo que você perceba a realidade como ela é, está começando a queimar-se. Tal fogo não é a chama aquecida da paixão, mas a flama fria da consciência. À medida que o véu vai sendo queimado, o rosto de um Buda muito delicado e infantil torna-se visível. A consciência que está crescendo em você nesse momento não é o resultado de algum “fazer” consciente, nem é preciso que você se esforce para fazer alguma coisa acontecer. Qualquer impressão que você possa ter de que vinha tateando no escuro está se desfazendo agora, ou logo se dissipará. Deixe-se assentar, e lembre-se de que bem no fundo, você é apenas uma testemunha, eternamente silenciosa, consciente e imutável. Um canal está se abrindo agora a partir da esfera de atividades até o centro do testemunhar. Ele o ajudará a atingir o desapego, e uma nova consciência removerá o véu dos seus olhos.
“A mente lhe dá uma espécie de estupor. Sobrecarregado pelas lembranças do passado, pelas projeções do futuro, você vai vivendo num nível mínimo. Uma vez que você começa a deixar de lado os pensamentos, a poeira que você acumulou no passado, a chama se ergue- límpida, clara, viva, jovem. A sua vida toda se transforma numa chama, e uma chama sem nenhuma fumaça. Isto é que é consciência.”

* Relâmpago- a carta mostra uma torre sendo queimada, destruída, explodida. Um homem e uma mulher se atiram dela, não por quererem isso, mas porque não há escolha. No fundo, aparece uma figura transparente, meditativa, representando a consciência que a tudo assiste,
Talvez você esteja se sentindo muito abalado nesse exato momento, como se a terra tremesse sob seus pés. O seu sentido de segurança está sendo desafiado, e a tendência natural é tentar segurar-se em tudo o que estiver ao seu alcance. Esse terremoto interior, porém, é tanto necessário quanto tremendamente importante- se você aceitar que ela aconteça, você emergirá dos escombros mais forte e mais disponível a novas experiências. Depois do incêndio, a terra é repovoada; após a tempestade o ar apresenta-se limpo. Tente assistir à destruição com desprendimento, quase como se isso estivesse acontecendo com uma outra pessoa. Diga “sim” ao processo ao encontrá-lo ao meio do caminho.

* Silêncio- a receptividade silenciosa de uma noite estrelada de lua cheia, semelhante à de um espelho, reflete-se abaixo no lago coberto de névoa. O rosto que aparece no céu está em meditação profunda: uma deusa da noite, que traz profundidade, paz e compreensão. Este é um momento muito precioso. Será fácil para você repousar internamente, e sondar as origens do seu próprio silêncio interior até o ponto em que ele se confunde com o silêncio do universo. Não há nada para fazer, lugar nenhum aonde ir, e a marca do seu silêncio interior permeia tudo o que você faz. Isso poderia deixar algumas pessoas sentirem-se desconfortáveis, acostumadas que estão com todo o barulho e atividade do mundo. Não importa. Procure encontrar as pessoas capazes de entrar em sintonia com o seu silêncio, ou então desfrute a sua solitude. Este é o momento de reencontrar-se consigo mesmo. A compreensão e os insights que lhe ocorrem nesses instantes manifestar-se-ão mais tarde, em uma fase de maior extroversão da sua vida.


* Confiança- este é o momento de ser aquele “ioiô humano”, capaz de se atirar no vazio sem a proteção do cabo elástico amarrado aos pés! E é esta postura de confiança absoluta, sem reservas nem redes de segurança escondidas, que o Cavaleiro da Água exige de nós. Uma grande euforia nos invade quando conseguimos dar o salto para o desconhecido , anda que essa simples idéia nos apavore. E quando adquirimos confiança ao nível do salto quântico, deixamos de fazer quaisquer planos elaborados, ou preparativos. Não dizemos : “Muito bem, confio que sei o que fazer agora: vou pôr em dia meus negócios, preparar minhas malas e levá-las comigo.” Não, nós simplesmente saltamos , sem pensar muito no que virá depois. O importante é o salto, e o arrepio que ele nos provoca à medida que caímos em queda livre pelo vazio do céu. A carta nos dá, entretanto, uma “deixa” a respeito do que nos espera no outro extremo- um delicado, convidativo, um delicioso rosado....pétalas de rosa, um suculento.....”VENHA!!!”

* A Luta- a figura desta carta apresenta-se completamente coberta por uma armadura. Apenas se vê o seu olhar de cólera, e o branco dos nós das mãos fechadas. Olhando a armadura mais de perto, você pode ver que ela está coberta de botões, prontos para detonar se alguém apenas roçar neles. No plano de fundo aparece a sombria seqüência das imagens que passam pela mente desse homem- duas figuras lutando por um castelo. Um temperamento explosivo ou a raiva reprimida escondem com freqüência um profundo sentimento de dor. Nós achamos que, espantando os outros para longe, poderemos evitar ser machucados ainda mais. Na verdade, acontece exatamente o inverso. Ao cobrir nossas feridas com a armadura, estamos impedindo que elas sejam curadas. Ao agredir os outros, impedimos a nós mesmos de receber o amor e o alimento afetivo de que precisamos. Se esta descrição parece corresponder ao seu caso, então está na hora de parar de brigar. Existe muito amor à sua disposição, basta deixá-lo entrar! Comece por perdoar a si mesmo: você merece!

* Viagem- a pequenina figura que se desloca pela trilha que corta esta bela paisagem não está preocupada em chegar a qualquer destino. Ele, ou ela, sabe que a viagem é a própria meta, que a peregrinação em si é o santuário. Quando esta carta aparece numa leitura, indica um tempo de movimento e mudança. Pode ser um deslocamento de um lugar para o próximo, ou um movimento interior de uma maneira de ser para a outra. Qualquer que seja o caso, porém, esta carta assegura que a mudança será fácil, e que trará um sentimento de aventura e crescimento; não há nenhuma necessidade de se esforçar, nem planejar em demasia. Esta carta da “viagem” também nos lembra de que devemos acolher o novo, exatamente como acontece quando viajamos a um país distante, com uma cultura e um ambiente diferentes daqueles a que estamos acostumados . Esta atitude de abertura e aceitação estimula o surgimento de novos amigos e de novas experiências na nossa vida.

* Caso você não tenha encontrado a sua carta, me avise pois eu posso ter pego alguma outra carta no lugar da sua.



Um abraço fraternal,

Adely